Nem toda a assimetria facial é igual a outra. À primeira vista é fácil encontrarmos diversos pontos semelhantes. Mas com a ajuda do diagnóstico 3D é possível identificar as diferenças e aplicar o tratamento correto para o paciente.
Para começar, a marcação dos pontos da face não pode ser feita igualmente em todos os casos. A glabela, o subnasal e a região do mentoniano, por exemplo, não podem ser traçados para definir o plano sagital mediano.
Isso porque ao utilizar o mentoniano como referência para a marcação da linha, a assimetria do rosto nunca será evidenciada.
Então, como fazer isso de uma maneira melhor? Utilize a localização de onde estaria a região de sutura internasal para traçar uma linha. Isso dará uma divisão mais precisa da face e separação mais proporcional do terço médio e da parte superior da face com o terço inferior.
Esse é um ponto muito importante, porque o trabalho de qualquer ortodontista é analisar o terço interior. E se essa percepção estiver errada, vai perder muita informação.
Quer saber mais sobre assimetria facial?
Então, continue lendo este conteúdo que preparei especialmente para você. Boa leitura!
Comparação entre pacientes com assimetria facial

Se lembra do que falei anteriormente que as assimetrias podem ser bem parecidas, mas não iguais? Essas duas fotos são um exemplo disso. O sorriso das duas pacientes mostra mais gengiva de um lado do que do outro.
Mas apenas com essa imagem não é possível afirmar se é realmente um desvio do plano oclusal. Pode ser que a contração do sorriso do lado direito é maior do que a do lado esquerdo.
Portanto, você nunca deve fechar um diagnóstico de assimetria, principalmente de roll maxilar, se você não sabe se há presença desse desvio na relação basal do paciente.

Agora veja como o diagnóstico pode mudar quando temos mais informações.
O ponto mentoniano da paciente 1 está para o lado direito, enquanto que da paciente 2 está para o lado esquerdo. Também é possível observar que a paciente 1 apresenta uma variação da linha de queixo do lado direito. Já na paciente 2, existe uma variação lateral.
Com essas informações, podemos afirmar que as duas pacientes apresentam assimetria facial. Você também pode perceber que o sorriso delas é bastante similar.
Na paciente 1, existe um desnível do plano oclusal (roll maxilar) um pouco evidente, a gengiva de um lado está mais amostra do que o outro. Mas o sorriso da paciente 2 apresenta um desvio um pouco maior. É possível enxergar muito mais gengiva do lado direito do que do lado esquerdo.
Analisando essas condições, fica muito claro que não é apenas um dente que está fora do lugar, é toda a estrutura dentária.
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O que mais temos que observar em uma análise facial?
Como eu já disse anteriormente, existe uma variação visual da exposição de gengiva nas duas pacientes.
Na paciente 1, existe um desvio para o lado esquerdo na linha média superior e a inferior está um pouco desviada para a direita. Enquanto que na paciente 2, a linha média até parece coincidente. Apenas a linha média inferior está desviada alguns milímetros para a esquerda.

Aqui já fica muito mais claro de entender como a assimetria está presente nas duas pacientes. Dá para notar claramente o desvio ósseo, a variação na condição esquelética em ambas pacientes.
Em alguns casos, a assimetria facial é tão grande que o próprio paciente percebe isso. Mas a partir de que ponto essa variação se torna perceptível? A ciência diz que a percepção disso começa a partir dos 4 mm, assim como o desvio de linha média.
Essa análise é muito importante para entender de onde vem a assimetria das duas pacientes. Essa variação poderia ser referente ao tecido mole ou à contração muscular, por exemplo. Nesse caso, o planejamento do tratamento seria diferente
Mas voltando ao caso das nossas pacientes, como identificar a origem das assimetrias?
Continue lendo para entender o caso de cada paciente.
Como identificar os tipos de assimetria facial
Caso da Paciente 1

Um rosto simétrico apresentaria todos os planos como uma linha, o que não é o caso. O gradeado significa uma variação na inclinação do plano. E isso está presente na condição oclusal e na condição do plano mandibular.
Na visão esquerda da face da paciente, é possível enxergar 2 planos mandibulares em relação ao corpo. Isso é mais um indício da presença de assimetria.

Essa imagem já mostra a relação de variação da posição dentária em relação ao lado direito e esquerdo. Essa avaliação mostra que a variação não é tão grande como parece. A realidade é que há apenas alguns dentes que estão mais baixos.
Então, nesse caso podemos afirmar que existe uma extrusão dentária e não um roll maxilar.
E quanto a ATM? Há uma grande diferença entre a anatomia do côndilo direito para o côndilo esquerdo. O primeiro é mais aprofundado e tem o anteroposterior maior. Mas o segundo tem uma eminência mais baixa.


Contudo, ambos os côndilos estão em uma condição de retroposição e apresentam desvio. Isso porque estão mais próximos da cavidade articular na relação medial do que na relação lateral.
Isso tudo quer dizer que a relação condilar da paciente 1 não é estável. Qualquer tratamento realizado nela, deve levar em consideração a ATM. Caso contrário, acabará sendo prejudicada.
Enfim, a diferença na altura de ramo e corpo do lado direito e esquerdo mostra que também a força de contração muscular é diferente entre as ATMs. Além disso, os ossos se remodelam constantemente por causa da aplicação de força. Isso acontece para que a adaptação ocorra de forma mais adequada.
Caso da Paciente 2

Agora vamos falar sobre a assimetria da paciente 2. Lembra que eu falei que na paciente 1 existia uma variação grande de plano basal? Com essa paciente, já não existe uma sobreposição mandibular grande.
Contudo, todos os dentes do lado direito da paciente 2 estão mais baixos do que o lado esquerdo. Ou seja, nesse caso até existe o comprometimento de exposição pela relação muscular. Mas existe sim uma variação de plano basal.

E quanto à presença de alguma compensação? O côndilo direito da face apresenta uma medida menor, está mais alto. Mas isso deveria significar que o desvio da linha média deveria estar para o lado direito, não para o esquerdo.
Ou seja, a compensação articular não está conseguindo corrigir o desvio, mesmo o côndilo direito estando mais alto.
Mas então, o que está causando essa variação? O côndilo direito é bem maior do que o esquerdo. Essa é uma alteração que se chama hiperplasia condilar. Ela acontece depois da fase de crescimento, de forma lenta e gradativa.
Dessa forma, o crescimento condilar estimulou um conjunto de estruturas para tentar compensar o desvio. Houve uma remodelação na cavidade glenóide e uma manutenção do contato oclusal.
Ou seja, houve um desvio do plano oclusal porque foi guiado pelo crescimento condilar. Então, todo o processo dentoalveolar cresceu junto para manter o contato oclusal. E o organismo acompanhou esse crescimento justamente porque aconteceu de forma devagar.
Como você pode evitar erros?
Após analisar esses casos, viu como não podemos igualar todos os casos de assimetria facial? Na paciente 1, o culpado era uma variação anatômica, enquanto que na paciente 2, o volume do côndilo – derivada da hiperplasia – foi a causadora.
Mas esse diagnóstico só foi possível porque as informações se tornaram visíveis com a interpretação dos protocolos. E por sua vez, a tecnologia 3D para compreender o paciente como um tudo e não apenas como uma boca bidimensional, sem volume ou profundidade.
Por isso que eu digo: com um diagnóstico bem feito, o sucesso do tratamento se torna apenas uma consequência.
Assista ao meu vídeo no Youtube e aprenda mais sobre as assimetrias faciais:
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